NOVIDADE

04/06/2015

Por intolerância da prefeitura, restaurante tradicional de Jataí pode fechar as portas

Proprietário deste tradicional bar-restaurante fez postagem em tom de despedida no Facebook.

Jataí (GO) - Há pelo menos uns 20 anos, a cidade de Jataí, na região sudoeste do Estado de Goiás, se autointitulou "cidade turística". À época, a vida social e cultural era intensa e movimentada.

Com o passar dos anos, por influência de certos profissionais da Justiça e do próprio prefeito Humberto de Freitas Machado (PMDB), devido aos excessos de proibições e rigidez exageradas em regulamentações, as badaladas e tradicionais festas noturnas em clubes como o Sindicato dos Bancários, Jóquei Clube, Balneário Brasnipo e AABB (este, mais elitizado), foram sendo extintas. Hoje, a cidade conta com festas noturnas em boates com frequência dos mais endinheirados. Há apenas um clube no estilo "fuleragem" que realiza bailões aos finais de semana para o desfrute da "ala povão" da sociedade.

Há muito tempo, Jataí (GO) deixou de ter vida cultural. Raramente há espetáculos de teatro. Mais raramente há shows. Em um passado não muito distante esta realidade era muito diferente do atual momento. Os artistas da cidade sofrem, mais do que nunca, com a falta de apoio, de incentivo e de oportunidades. Lamentavelmente, não se apoia a cultura jataiense que, mais lamentavelmente ainda, vai se perdendo com o tempo. Nesta realidade triste, quem se salva é a chamada "cultura de museus". Há dois em funcionamento na cidade. E só.

A diversão cultural da maioria do povo jataiense (exclui-se aqui a elite e aqueles que têm dinheiro para gastar em clubes distantes do perímetro urbano municipal ou mesmo quem tem condições para viagens) resume-se, atualmente, aos churrasquinhos e encontros entre amigos em suas próprias casas ou de amigos. E só.

A cidade que tem um magnífico Centro Cultural, com capacidade para quase mil pessoas confortavelmente sentadas, não tem vida cultural. Nem lazer. Os tais "mauricinhos" (filhinhos de papai), se divertem perturbando o sossego público desfilando, tarde da noite, com suas "boates sobre rodas", um absurdo desrespeito com a população que quer, pelo menos, descansar e ter uma noite tranquila.


TURISMO SEM TER O QUE FAZER. COMO ASSIM?
As possibilidades são inúmeras. O potencial é rico. Mas falta coragem para ousar e quebrar o comodismo e o conservadorismo radical.

Tem aumentado assustadoramente nas redes sociais a exemplo do Facebook, críticas à gestão de Humberto Machado (PMDB), alegando que o mesmo está acabando (ou elitizando) o lazer do povo jataiense. Em um passado recente, incentivado por alguns profissionais da Promotoria Pública, sob o pretexto equivocado de que "era a única solução para resolver o gravíssimo problema do aumento desenfreado da violência na cidade", o prefeito determinou horários para funcionamento de bares, restaurantes e similares, uma atitude que afronta de enfraquece qualquer projeto de tornar qualquer cidade num "polo turístico". Mas foi isso que aconteceu por aqui.

E o tal problema do aumento desenfreado da violência resolveu? Lógico que não. Piorou! E muito! Hoje, Jataí é uma das cidades com os maiores índices de assassinatos de todo o Estado de Goiás. E ficou comprovado que este "ótimo" status social nada tem a ver, exclusivamente, com a bebedeira do povo nas festas (como alguém da Promotoria Pública local chegou a argumentar anos atrás). Tem a ver com o aumento das facções criminosas que dominam a cidade com o cada vez mais "eficiente" e "poderoso" tráfico de drogas aliado à migração descontrolada e irresponsável que tem trazido para cá muita gente de estados longínquos que, alienados com falsas expectativas de que Jataí é a "Eldorado" do emprego e das oportunidades, abandonam suas vidas em suas cidades de origem e para cá vêm tentar a sorte e, na maioria das vezes, ficam desempregados e perambulando "que nem zumbis" pelas ruas de Jataí.

Além destes problemas sociais gravíssimos, quem aqui resolve vir a passeio ou a trabalho, se depara com a péssima e precária estrutura para acolher visitantes - turistas ou não. Hotéis, restaurantes, bares e todo o tipo de estabelecimento comercial focado no turismo e no lazer, praticam - exceções à parte - um verdadeiro "assalto" ao bolso dos visitantes e, claro, de quem aqui mora e que, porventura, vier a desejar almoçar num restaurante ou pernoitar em algum hotel ou mesmo motel.

O disparate de preços de uma refeição em restaurante aqui em Jataí é um absurdo. Exceções à parte, há locais onde, um simples almoço básico custa, individualmente, R$ 50. Dias atrás, na primeira semana de maio, almocei acompanhado de uma pessoa num restaurante tradicional daqui que fica próximo à agência da Caixa Econômica Federal. Lá servem comida por quilo. Quando fomos pagar a conta do que nós dois consumimos, pasmem! O total foi R$ 85! Por um simples almoço! Nunca mais ponho meus pés lá neste local! Nos dias subsequentes, passamos a almoçar em um restaurante abaixo do banco HSBC, com comida de qualidade um "tiquinho" só mais simples que o outro lá que nos "assaltou" o bolso, e pagamos, no total, pelo almoço para nós dois, apenas R$ 45 (total para duas pessoas).

O QUE É BOM AMEAÇA FECHAR AS PORTAS
Tradicional bar e restaurante jataiense ameaça fechar por conta de intolerância da prefeitura.

Outro local bacana, também tradicional aqui em Jataí, ameaça fechar as portas e reabrir bem longe daqui. O local é tão bom (e digo isso sem qualquer patrocínio do dono deste estabelecimento, daí você pode perceber minha sinceridade pois não é uma "sinceridade patrocinada"), que eu e meu companheiro de trabalho jantamos lá por, no mínimo, seis vezes num período de duas semanas! Penso (e meu companheiro que não mora aqui em Jataí também pensa) que o que é bom e não nos explora, merece ser valorizado. Por isso voltamos - e voltaremos sempre que possível - a frequentar este local.


Uber Frutas Açaí: tradicional ponto de encontro e lazer dos jataienses.
Sem qualquer patrocínio algum, refiro-me ao bar e restaurante Uber Frutas Açaí como um "patrimônio gastronômico e social" dos jataienses. O cardápio do local é excelente. O atendimento tão bom quanto. A gente vai lá e de lá sai satisfeito e bem-atendido. Não esqueça que, num prazo de duas semanas, eu e meu companheiro lá jantamos por no mínimo (salvo a memória) sete vezes!

Na noite desta quarta-feira, 3 de junho, fui surpreendido ao ler, na fanpage (página) do Facebook do Uber Frutas Açaí, a informação, provavelmente escrita pelo proprietário daquele estabelecimento, que o funcionamento do local "está com os dias contados". Leia na imagem acima, um "print" da postagem publicada na rede social Facebook.

Na postagem (leia na imagem acima), o proprietário do estabelecimento alega que a prefeitura de Jataí foi incisiva em não atender seu simples pedido de um prazo maior para que ele, enquanto dono do Uber Frutas Açaí, se adequasse às novas regras municipais, principalmente à questão de colocar mesas em calçada. Ao dizer que há sete anos usa a calçada do vizinho e nunca fora notificado pela prefeitura, o dono do Uber Frutas Açaí dá a entender que, desta vez, fora notificado e, especula-se, que até possa ter sido multado pela prefeitura (ainda não temos a confirmação desta especulação).

Indignação - A reação dos internautas foi unânime em apoiar o proprietário do bar e restaurante Uber Frutas Açaí, manifestando indignação com a falta de sensibilidade e tolerância da prefeitura, e preocupação com a possibilidade de fechamento daquele estabelecimento. Os internautas não pouparam duras críticas ao governo municipal.

Também na postagem em tom de despedida, o dono do Uber Frutas Açaí critica os preços abusivos do aluguel comercial praticados em Jataí, dizendo que "está fora da realidade de qualquer restaurante que queira praticar um preço justo". E olha que os preços da comida e da bebida servidas no Uber Frutas Açaí são preços bacanas, ok?

Vai ser mais um duro golpe no turismo e no lazer dos jataienses, se o Uber Frutas Açaí vier a fechar suas portas. Ali, bem do ladinho da praça Padre Brom, a praça da Igreja Matriz, vai ficar um vazio terrível no já vazio e "morto" centro da cidade. Pode apostar.

E, por essa - e outras - o sonho de Jataí vir a ser, verdadeiramente, uma cidade (ou um polo) turística, vai continuar sendo mera utopia ou propaganda "pra inglês ver". Simplesmente, lamentável. Há "currutelas" bem menores em tamanho e em quantitativo populacional que Jataí, mas que dão um banho nesta cidade em termos de programação cultural semanal, opções semanais de lazer e espaços agradáveis que fomentem uma movimentação saudável da vida social. E a gente aqui fica com aquela invejinha básica só chupando o dedinho.
-------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------
Nota Extra: No texto que você acaba de ler, produzido por mim, em momento algum incentivo à desordem social ou à infração das leis, sobretudo municipais. Mas, todos os pontos que ressaltei no meu texto acima são problemas seríssimos que comprometem - e muito! - o desejo de Jataí (GO) vir a ser, num futuro, uma cidade verdadeiramente turística, quiçá, um verdadeiro polo turístico. Porque, no momento, não é.

Verdade seja dita. Não basta encher a cidade de lagos e matinhas, sem colocar um único banquinho para o povo assentar e tomar um arzinho puro e sair por aí pregando para os quatro cantos do planeta que Jataí é uma cidade turística. Não! Não é assim que se faz. A cidade precisa ter atrativos. Ter vida social. Ter vida cultural. Ter finais de semana atrativos e movimentados. Ter estabelecimentos comerciais (bares, restaurantes, hotéis, motéis, etc) bem preparados para atender bem os consumidores locais e, obviamente, os visitantes. E parar com essa cultura imbecil de explorar o bolso do cliente. Parar de assaltar o bolso dos consumidores (turistas, visitantes ou não). Parar com esta ganância desenfreada.

Como jataiense de nascimento que sou, eu também sonho em ver esta cidade um polo turístico, mas não esta lambança que hoje está. Adorava as festas dançantes noturnas nos anos 90 e início de 2000, repletas de uma gente animada que, infelizmente, hoje, por falta destas opções que nos foram tiradas, se "divertem" azucrinando pessoas com seus carros com alta potência sonora; também consumindo cada vez mais drogas e se esbaldando em aventuras sexuais nas festinhas "privê" ou em encontros por aí. 

Se mais este estabelecimento do setor de lazer vier, de fato, a fechar suas portas, Jataí ficará ainda mais pobre de opções. Não há mais o que fazer nas noites e nos finais de semana fúnebres que temos aqui. Infelizmente. Ano que vem..."
[Nascido em Jataí (GO), Terry Marcos Dourado é jornalista, radialista, bacharel em Direito, empresário dono da Agência Prodartcom Produções, artista e produtor cultural e artístico. No meio audiovisual, é autor, roteirista, diretor cinematográfico, ator e dono da Estelar Filmes. Também é produtor de "cast" (elenco) e proprietário da TMD Models Agency. No meio teatral, é dramaturgo, ator, roteirista e diretor. Na área dos direitos humanos, é fundador e presidente da ONG Instituto Conscientizar. É palestrante motivacional e espiritualista. Médium e terapeuta gnóstico-espiritualista, é alto sacerdote wiccaniano, fundador da IWMBG - Igreja Wiccaniana Mundial de Biopaganismo Gnóstico. É também diretor-proprietário da PopMix RádioWeb, do Canal Pop TV (webtv) e escritor, tendo livros a publicar em breve.]

NOVIDADE

Visitantes